07/12/2009
DA LIBERDADE À INSEGURANÇA POR FALTA DA SEGURANÇA
(Evandro de Andrade Bastos)
De futebol,
política e segurança todos entendem. A grande verdade é que até hoje a Segurança
Pública aí está para inglês ver. Este é um ditado popular que muito fora
empregado quando as coisas não iam bem ou não tinham finalidades. Assim é a
Segurança Pública no Brasil. Feita, e posta à prova, inglês nenhum vê.
Vamos dar um passeio
no passado e sentir a presença física da Segurança nos idos do após guerra, 1945 a 1962. Iniciemos pela
Cidade do Rio de Janeiro, Centro do governo federal até a data de sua
transferência para Brasília.
O grande Rio
de Janeiro, por exemplo, sempre fora o palco da malandragem. Lembro e todos os
que ali nasceram e residiram sabem disso. A bandidagem era apenas dirigidas
para furtos de galinhas, roupas nos varais das residências e terrenos,
arrombamentos de residências, sem uso de armas de fogo, e sempre as ações
ocorriam na ausência de moradores.
O roubo pouco
ocorria e casas de comércio raramente eram assaltadas. Seqüestros e seqüestros relâmpagos também não
aconteciam. Crimes de pedofilia, estupros e assaltos a mão-armada raramente eram
verificado.
A policia não
tinha grandes trabalhos na Segurança Pública. Sua atuação, devido a razoável
tranqüilidade porque passava o povo, era voltada para a segurança preventiva,
ou seja, policiais na rua durante o dia e noite. Assaltos a bancos também não
existiam.
No bairro da Penha,
localizada logo após os portões do grande Arraial da Penha, entrada única para a
Igreja Nossa Senhora da Penha, que fica localizada em um penhasco de cerca de 70 metros de altura, havia
uma delegacia de policia e uma Guarda policial do antigo DFSP (hoje DPF), que tinha
o nome de Socorro Urgente. Era um choque de policiais fardados, da famosa
Guarda Civil, que em numero de 10 ou 15 homens musculosos, altos e de certa
feita um tanto ignorantes e brutos, Saiam em caminhões abertos, de choque, em
disparada, quando a situação de emergência era necessário. Geralmente tais
emergências eram para conter brigas em campo de futebol, bailes, gafieiras, cassinos,
briga de marido e mulher e de algazarra de bêbados ou vândalos.
Em cada bairro havia uma
delegacia de polícia. A Policia Militar não fazia muita coisa, pois o grosso do
policiamento era exercido pelo DFSP (Departamento Federal de Segurança Pública)
que de federal só tinha jurisdição na Capital Federal e compreendia o
policiamento do trânsito e policiamento ostensivo a cargo da Guarda Civil e a
policia Civil.
A bandidagem não
causava pavor nem medo à população. As armas empregadas pelos bandidos:
malandros cafetões, batedores de carteiras era, geralmente, navalhas e
facas. A maconha era usada de modo muito
particular e raramente só era preso quem portava a erva, pois sem a presença
física da droga não se tinha meios de prova de crime, eis que exames para
constatação de uso não eram realizados.
É bem verdade
que bandidos perigosos marcaram história em ações criminosas. Geralmente nos cabarés,
gafieiras (salões de dança) e baixo meretrícios. Malandros conhecidos como
“cafetões” (exploradores de mulheres) eram perseguidos pela policia, mas não
eram de meter medo nem a policia.
A grande
maioria de crimes, pelo que me lembro, era praticada por lesões corporais ou
homicídio e ocorriam com frequência em pontos e zonas boemia, como o bairro da
Lapa, Irajá, Madureira, zona portuária e outros, inclusive em pequenas favelas
que começam a surgir, pela pobreza crescente, nos morros onde a especulação
imobiliária não existia.
A policia era,
como salientei, rigorosa, mas assim o era porque a malandragem não oferecia os
perigos que hoje provocam.
Lembro, ainda,
que nenhum malandro fora tão falado, conhecido ou temido como alguns policiais.
Algumas vezes e não poucas surgia um policial que, como fato pitoresco e
lembrado, ao revistar as pessoas jogava uma pequena laranja ou limão Taiti graúdo
pela cintura da calça comprida do “entrevistado” e se não saísse pela boca da calça levava porrada e
era metido no camburão com destino ao xadrez, onde ali permanecia por horas ou
dias, abusivamente, por determinação da autoridade policial.
A Cidade do
Rio de Janeiro era calma por natureza de não existir banditismo.
Poder-se-ia transitar altas horas
da noite pelas ruas, a pé ou de bicicleta que não se era surpreendido por
qualquer tipo de bandido. A ronda da policia muitas das vezes perturbava quem
estava andando, parado ou fazendo serenatas. E os famosos guardas noturnos,
particulares, que policiavam as ruas apitando de cinco ou de dez em dez minutos,
usando não armas de fogo e sim cassetetes, nos garantiam tranqüilidade para
andar na rua pela madrugada.
O policiamento
ostensivo feito pela policia militar era feito pelo esquadrão da cavalaria,
durante a noite, em dupla de policiais em vários bairros, inclusive pela orla
marítima. A famosa Guarda Nacional também teve seus momentos de gloria na sua
finalidade e no policiamento da Ilha do Governador e do Galeão.
É bem verdade
que o fim da segunda guerra mundial (1945) trouxe sérias repercussões no âmbito da saúde com reflexo,
em grande escala, no Rio de Janeiro, pois doenças como a tuberculose trazidas
por militares combatentes no campo de guerra da Itália era notória, como
também, casos de loucuras e outras doenças mentais eram visíveis em muitos homens que voltavam da guerra.
O futebol sempre
fora a paixão, não só dos cariocas como dos habitantes, não só da Cidade
Maravilhosa como de todo o Brasil onde a frequência de transmissão radiofônica poderia
alcançar. O surgimento do campo de futebol no bairro do Maracanã, batizado com
o nome Estádio do Maracanã, marcou uma história para a glória de todo os tipos
de esportes e as Escolas de Samba começaram a desenvolver por volta de 1948, libertando-se,
gradativamente, das tradicionais sociedades que desfilavam pela grande Avenida,
com carros e ornamentações alegóricas muito bem coloridas e belas mulheres,
algumas de vida fácil, de maiôs inteiriços exibindo as suas belas pernas.
Foi, sinceramente,
um Rio que passou em minha vida e na de todos.
Um Rio de janeiro que teve o auge das gafieiras, do teatro rebolado dos
salões de danças, do sol e praias de Copacabana e da Ipanema solitária, das
canções de Lamartine Babo, Ataulfo Alves, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba,
Programas do Chacrinha, as canções interpretadas por Nelson Gonçalves, Araci de
Almeida, Pixinguinha, Mario Lago, a alegria de Jamelão e tanto outros cantores
e compositores e, ainda, os grandes atores como
Ítalo Rossi, Fernanda Montenegro, Bibi Ferreira e seu genitor Procópio
Ferreira, Paulo Autran, Tônia Carreiro e
tantos outros.
Para completar
a alegria do povo do Rio de Janeiro, havia, sistematicamente em todas as tardes
em vários subúrbios e centro da Cidade: Laranjeiras, Catumbi, Flamengo, Santa
Tereza, Méier e outros bairros a passagem do Realejo que muito encantava e que
ficou como marco de uma era em que as tardes, principalmente as de outono, movimentavam nossos corações para lembranças
já vividas e passadas.
O Realejo foi introduzido
no Brasil em 1880, por imigrantes italianos e portugueses teve dias de glória
até 1930, quando a partir daí, tanto no Rio como em São Paulo o seu emprego
começou a decair, desaparecendo completamente por volta de 1950. Ao término
desta apresentação há uma referência, para quem não conheceu esse interessante instrumento.
A explosão de
uma nova ocorrência que veio tirar alguma melancolia (se era que existia) na
vida dos jovens fora, sem dúvidas o surgimento da música Rock’n Roll,
interpretada por um grupo de jovens ingleses chamados de “Beatles” que tomou
conta do mundo inteiro, como epidemia musical e de danças alucinantes. Elvis
Presley, grande cantor, também encantou o mundo inteiro.
Fora, sem
dúvidas, uma revolução, não só quanto ao gênero de musica e dança, como também,
o que fora muito mais importante e inevitável, o fim das pressões, opressões e de
preconceitos na vida dos jovens, pela liberdade que antes era manipulada, não
só pelos seus ascendentes, educação e religiões.
Mas foi logo
após a morte de Getulio Vargas, presidente da República, no ano de 1954, que a
partir de então, os jovens começaram a sentir efeitos quanto a um
amadurecimento globo das idéias radicais.
Necessário que
se diga que a morte, por suicídio de Vargas, nada teve a ver com as alegrias e
liberdades do povo jovem. Fora, sinceramente, a música eloquente, maravilhosa e
apaixonante vinda do exterior, com real voracidade de um grupo de rapazes ingleses,
os seja, os chamados “Beatles” que despertou a consciência dos mais velhos para
a compreensão da alegria as novas gerações.
Penso, e
acredito no que penso, que fora pela explosão da liberdade a que fora negada
aos jovens do passado, como da nova geração, motivada pelo nascimento do Rock’n
Roll, no Brasil e por toda a parte do Mundo, aliada a beleza, forma e maneira
de interpretação da denominada musica Bossa Nova, que os novos jovens, em sua
grande maioria, se entregaram às idéias do comunismo internacional, movidas por
descontentes com o regime vigente, que, em grande escala, se agrupavam nas
faculdades, principalmente nas federais, ministrando e regimentando os mesmos
jovens a uma luta contra o poder e ao regime totalitário surgido para conter o
avanço da ilegalidade no Brasil, ou seja, o comunismo.
Foi, a partir
de 1964, portanto, com o estabelecimento de um regime militar, por uma
ditadura, que grande parte de nossos jovens contrários e perdidos quanto à
verdade a que um regime comunista poderia oferecer, interromperam as suas vidas
e a grande liberdade antes alcançada.
Evidentemente
que durante o período da Ditadura a Segurança Pública fora exercida, não por
determinação da finalidade de combate a criminalidade, mas como conseqüência do
Estado em estar presente e fazer valer os seus mandos através de atos de
perseguição política e cassações dos direitos civis,
Foi, sem
dúvida, um tempo em que a Segurança Pública não teve cérebro e pior ainda ficou
desde o termino da repressão até os dias de hoje, onde a Segurança Pública
tornou-se uma sociedade anônima, falida, sem ter existido, e almejada por
cérebros que só produzem ignorâncias e vaidades, por desconhecerem que a
verdade e a competente solução para o que se pretende só pode ser alcançada
quando o metabolismo de todos as
glândulas fortalecerem os órgãos
principais que vão dar garantia ao cérebro para que a verdade seja satisfeita.
É assim, desta forma ou maneira que a vida humana alcança a saúde, o
crescimento e a capacidade da intelectualidade, segundo estudos da neurociência.
Há capítulos no
livro O Rosto Que Não Conhecemos, relacionados quanto ao poder do cérebro
humano que muito bem pode orientar a quem precise ou mesmo que necessite para
uma melhor compreensão do que se deve fazer, para que ações, atos, sentimentos
e emoções sejam realizadas, dentro do espírito e conceito da verdade.
Nesta
oportunidade e para ilustrar, ainda, esses comentários e declaração oportuna,
transcrevo o parágrafo final do segundo capítulo: “A Indesejável Fomentação de
Males”, páginas 63 a
69, da Editora Livre Expressão, 1ª Edição, 2009, a seguir: “...Há,
porém, pessoas que, por extravagância de suas ambições, utilizam a imaginação
de maneira egoísta, imoral, para seus interesses escusos, interesses alheios
etc. para a prática, ainda, de atos e ações contrários às Leis, a Ordem e aos
Costumes e de outras manifestações, motivada a sua não conformidade com a Lei,
e o defeito de mérito de sua importunidade, inconveniência ou iniquidade.”
Este é um
livro de minha Autoria e está na Internet como dedicação e respeito à população
Cristã.
Finalmente
volto a dizer o que penso, e acredito no que penso, que a única maneira de se
salvar a Segurança Pública a fim de que o banditismo em geral seja afastado de
nossos caminhos é, portanto: uma Ação enérgica como fora a ditadura militar,
pois essa mostrou, embora tardiamente, que resolveu e exterminou as idéias de
um regime que não vingou em
nosso Brasil , mas que, de certa forma fora valiosa para uma maioria que, beneficiados pela Anistia, gozam de vantagens ilícitas, facilitando aos
que tem, também, disposição para tal, visto que a corrupção,
de um modo geral, não tem caráter punitivo
quando interesses estranhos ocultos e reprováveis estão acima da
legalidade.
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Adendo:
Realejo, instrumento musical,
portátil, introduzido no Brasil por imigrantes italianos e portugueses, na
década de 1880, que toca uma música, ou várias, movimentada por uma manivela,
dotado de foles, com teclado, tubos de metal e cilindro no qual foram adaptados
registros. Ao acionar a manivela os registros abrem as válvulas de determinados
tubos, deixando o ar penetrar e produzir a música. O operador usava ou um pequeno macaquinho ou
periquito como atração. O espetáculo da música era gratuito, mas por outro lado
a sua apresentação era um meio de ganhar a vida por alguns trocados, ou seja, o
ouvinte entregava uma moeda e o animal (macaquinho ou periquito) pegava um
papelote numa caixinha, dobrado e entregava ao adquirente. Nesse papel estava
escrito, supostamente, o que o futuro esperava da pessoa. Era a venda de sonhos e de ilusão para a
contentação das crianças. A sorte, assim, vendida só previa boas e maravilhosas
notícias e as crianças sonhavam com tais expectativas.
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