domingo, 21 de fevereiro de 2016

07/12/2009


DA LIBERDADE À INSEGURANÇA POR FALTA DA SEGURANÇA
(Evandro de Andrade Bastos)

                                                                                         

De futebol, política e segurança todos entendem. A grande verdade é que até hoje a Segurança Pública aí está para inglês ver. Este é um ditado popular que muito fora empregado quando as coisas não iam bem ou não tinham finalidades. Assim é a Segurança Pública no Brasil. Feita, e posta à prova, inglês nenhum vê.
Vamos dar um passeio no passado e sentir a presença física da Segurança nos idos do após guerra, 1945 a 1962. Iniciemos pela Cidade do Rio de Janeiro, Centro do governo federal até a data de sua transferência para Brasília.
O grande Rio de Janeiro, por exemplo, sempre fora o palco da malandragem. Lembro e todos os que ali nasceram e residiram sabem disso. A bandidagem era apenas dirigidas para furtos de galinhas, roupas nos varais das residências e terrenos, arrombamentos de residências, sem uso de armas de fogo, e sempre as ações ocorriam na ausência de moradores.
O roubo pouco ocorria e casas de comércio raramente eram assaltadas.  Seqüestros e seqüestros relâmpagos também não aconteciam. Crimes de pedofilia, estupros e assaltos a mão-armada raramente eram  verificado.
A policia não tinha grandes trabalhos na Segurança Pública. Sua atuação, devido a razoável tranqüilidade porque passava o povo, era voltada para a segurança preventiva, ou seja, policiais na rua durante o dia e noite. Assaltos a bancos também não existiam.
No bairro da Penha, localizada logo após os portões do grande Arraial da Penha, entrada única para a Igreja Nossa Senhora da Penha, que fica localizada em um penhasco de cerca de 70 metros de altura, havia uma delegacia de policia e uma Guarda policial do antigo DFSP (hoje DPF), que tinha o nome de Socorro Urgente. Era um choque de policiais fardados, da famosa Guarda Civil, que em numero de 10 ou 15 homens musculosos, altos e de certa feita um tanto ignorantes e brutos, Saiam em caminhões abertos, de choque, em disparada, quando a situação de emergência era necessário. Geralmente tais emergências eram para conter brigas em campo de futebol, bailes, gafieiras, cassinos, briga de marido e mulher e de algazarra de bêbados ou vândalos.
Em cada bairro havia uma delegacia de polícia. A Policia Militar não fazia muita coisa, pois o grosso do policiamento era exercido pelo DFSP (Departamento Federal de Segurança Pública) que de federal só tinha jurisdição na Capital Federal e compreendia o policiamento do trânsito e policiamento ostensivo a cargo da Guarda Civil e a policia Civil.
A bandidagem não causava pavor nem medo à população. As armas empregadas pelos bandidos: malandros cafetões, batedores de carteiras era, geralmente, navalhas e facas.  A maconha era usada de modo muito particular e raramente só era preso quem portava a erva, pois sem a presença física da droga não se tinha meios de prova de crime, eis que exames para constatação de uso não eram realizados.
É bem verdade que bandidos perigosos marcaram história em ações criminosas. Geralmente nos cabarés, gafieiras (salões de dança) e baixo meretrícios. Malandros conhecidos como “cafetões” (exploradores de mulheres) eram perseguidos pela policia, mas não eram de meter medo nem a policia.
A grande maioria de crimes, pelo que me lembro, era praticada por lesões corporais ou homicídio e ocorriam com frequência em pontos e zonas boemia, como o bairro da Lapa, Irajá, Madureira, zona portuária e outros, inclusive em pequenas favelas que começam a surgir, pela pobreza crescente, nos morros onde a especulação imobiliária não existia.
A policia era, como salientei, rigorosa, mas assim o era porque a malandragem não oferecia os perigos que hoje provocam.
Lembro, ainda, que nenhum malandro fora tão falado, conhecido ou temido como alguns policiais. Algumas vezes e não poucas surgia um policial que, como fato pitoresco e lembrado, ao revistar as pessoas jogava uma pequena laranja ou limão Taiti graúdo pela cintura da calça comprida do “entrevistado” e se  não saísse pela boca da calça levava porrada e era metido no camburão com destino ao xadrez, onde ali permanecia por horas ou dias, abusivamente, por determinação da autoridade policial.
A Cidade do Rio de Janeiro era calma por natureza de não existir banditismo.
Poder-se-ia transitar altas horas da noite pelas ruas, a pé ou de bicicleta que não se era surpreendido por qualquer tipo de bandido. A ronda da policia muitas das vezes perturbava quem estava andando, parado ou fazendo serenatas. E os famosos guardas noturnos, particulares, que policiavam as ruas apitando de cinco ou de dez em dez minutos, usando não armas de fogo e sim cassetetes, nos garantiam tranqüilidade para andar na rua pela madrugada.
O policiamento ostensivo feito pela policia militar era feito pelo esquadrão da cavalaria, durante a noite, em dupla de policiais em vários bairros, inclusive pela orla marítima. A famosa Guarda Nacional também teve seus momentos de gloria na sua finalidade e no policiamento da Ilha do Governador e do Galeão.
É bem verdade que o fim da segunda guerra mundial (1945) trouxe sérias  repercussões no âmbito da saúde com reflexo, em grande escala, no Rio de Janeiro, pois doenças como a tuberculose trazidas por militares combatentes no campo de guerra da Itália era notória, como também, casos de loucuras e outras doenças mentais eram visíveis  em muitos homens que voltavam da guerra.
O futebol sempre fora a paixão, não só dos cariocas como dos habitantes, não só da Cidade Maravilhosa como de todo o Brasil onde a frequência de transmissão radiofônica poderia alcançar. O surgimento do campo de futebol no bairro do Maracanã, batizado com o nome Estádio do Maracanã, marcou uma história para a glória de todo os tipos de esportes e as Escolas de Samba começaram a desenvolver por volta de 1948, libertando-se, gradativamente, das tradicionais sociedades que desfilavam pela grande Avenida, com carros e ornamentações alegóricas muito bem coloridas e belas mulheres, algumas de vida fácil, de maiôs inteiriços  exibindo as suas belas pernas.
Foi, sinceramente, um Rio que passou em minha vida e na de todos.  Um Rio de janeiro que teve o auge das gafieiras, do teatro rebolado dos salões de danças, do sol e praias de Copacabana e da Ipanema solitária, das canções de Lamartine Babo, Ataulfo Alves, Dalva de Oliveira, Emilinha Borba, Programas do Chacrinha, as canções interpretadas por Nelson Gonçalves, Araci de Almeida, Pixinguinha, Mario Lago, a alegria de Jamelão e tanto outros cantores e compositores e, ainda, os grandes atores como  Ítalo Rossi, Fernanda Montenegro, Bibi Ferreira e seu genitor Procópio Ferreira,  Paulo Autran, Tônia Carreiro e tantos outros.
Para completar a alegria do povo do Rio de Janeiro, havia, sistematicamente em todas as tardes em vários subúrbios e centro da Cidade: Laranjeiras, Catumbi, Flamengo, Santa Tereza, Méier e outros bairros a passagem do Realejo que muito encantava e que ficou como marco de uma era em que as tardes, principalmente as de outono,  movimentavam nossos corações para lembranças já vividas e passadas.
O Realejo foi introduzido no Brasil em 1880, por imigrantes italianos e portugueses teve dias de glória até 1930, quando a partir daí, tanto no Rio como em São Paulo o seu emprego começou a decair, desaparecendo completamente por volta de 1950. Ao término desta apresentação há uma referência, para quem não conheceu esse interessante instrumento.
A explosão de uma nova ocorrência que veio tirar alguma melancolia (se era que existia) na vida dos jovens fora, sem dúvidas o surgimento da música Rock’n Roll, interpretada por um grupo de jovens ingleses chamados de “Beatles” que tomou conta do mundo inteiro, como epidemia musical e de danças alucinantes. Elvis Presley, grande cantor, também encantou o mundo inteiro.
Fora, sem dúvidas, uma revolução, não só quanto ao gênero de musica e dança, como também, o que fora muito mais importante e inevitável, o fim das pressões, opressões e de preconceitos na vida dos jovens, pela liberdade que antes era manipulada, não só pelos seus ascendentes, educação e religiões.
Mas foi logo após a morte de Getulio Vargas, presidente da República, no ano de 1954, que a partir de então, os jovens começaram a sentir efeitos quanto a um amadurecimento globo das idéias radicais.
Necessário que se diga que a morte, por suicídio de Vargas, nada teve a ver com as alegrias e liberdades do povo jovem. Fora, sinceramente, a música eloquente, maravilhosa e apaixonante vinda do exterior, com real voracidade de um grupo de rapazes ingleses, os seja, os chamados “Beatles” que despertou a consciência dos mais velhos para a compreensão da alegria as novas gerações.
Penso, e acredito no que penso, que fora pela explosão da liberdade a que fora negada aos jovens do passado, como da nova geração, motivada pelo nascimento do Rock’n Roll, no Brasil e por toda a parte do Mundo, aliada a beleza, forma e maneira de interpretação da denominada musica Bossa Nova, que os novos jovens, em sua grande maioria, se entregaram às idéias do comunismo internacional, movidas por descontentes com o regime vigente, que, em grande escala, se agrupavam nas faculdades, principalmente nas federais, ministrando e regimentando os mesmos jovens a uma luta contra o poder e ao regime totalitário surgido para conter o avanço da ilegalidade no Brasil, ou seja, o comunismo.
Foi, a partir de 1964, portanto, com o estabelecimento de um regime militar, por uma ditadura, que grande parte de nossos jovens contrários e perdidos quanto à verdade a que um regime comunista poderia oferecer, interromperam as suas vidas e a grande liberdade antes alcançada.
Evidentemente que durante o período da Ditadura a Segurança Pública fora exercida, não por determinação da finalidade de combate a criminalidade, mas como conseqüência do Estado em estar presente e fazer valer os seus mandos através de atos de perseguição política e cassações dos direitos civis,
Foi, sem dúvida, um tempo em que a Segurança Pública não teve cérebro e pior ainda ficou desde o termino da repressão até os dias de hoje, onde a Segurança Pública tornou-se uma sociedade anônima, falida, sem ter existido, e almejada por cérebros que só produzem ignorâncias e vaidades, por desconhecerem que a verdade e a competente solução para o que se pretende só pode ser alcançada quando o  metabolismo de todos as glândulas  fortalecerem os órgãos principais que vão dar garantia ao cérebro para que a verdade seja satisfeita. É assim, desta forma ou maneira que a vida humana alcança a saúde, o crescimento e a capacidade da intelectualidade, segundo estudos da neurociência.
Há capítulos no livro O Rosto Que Não Conhecemos, relacionados quanto ao poder do cérebro humano que muito bem pode orientar a quem precise ou mesmo que necessite para uma melhor compreensão do que se deve fazer, para que ações, atos, sentimentos e emoções sejam realizadas, dentro do espírito e conceito da verdade.
Nesta oportunidade e para ilustrar, ainda, esses comentários e declaração oportuna, transcrevo o parágrafo final do segundo capítulo: “A Indesejável Fomentação de Males”, páginas 63 a 69, da Editora Livre Expressão, 1ª Edição, 2009, a seguir: “...Há, porém, pessoas que, por extravagância de suas ambições, utilizam a imaginação de maneira egoísta, imoral, para seus interesses escusos, interesses alheios etc. para a prática, ainda, de atos e ações contrários às Leis, a Ordem e aos Costumes e de outras manifestações, motivada a sua não conformidade com a Lei, e o defeito de mérito de sua importunidade, inconveniência ou iniquidade.”
Este é um livro de minha Autoria e está na Internet como dedicação e respeito à população Cristã.
Finalmente volto a dizer o que penso, e acredito no que penso, que a única maneira de se salvar a Segurança Pública a fim de que o banditismo em geral seja afastado de nossos caminhos é, portanto: uma Ação enérgica como fora a ditadura militar, pois essa mostrou, embora tardiamente, que resolveu e exterminou as idéias de um regime que não vingou em nosso Brasil, mas que, de certa forma fora valiosa para  uma maioria que,  beneficiados pela Anistia,  gozam de vantagens ilícitas, facilitando aos que  tem, também,  disposição para tal, visto que a corrupção, de um modo geral, não tem caráter punitivo  quando interesses estranhos ocultos e reprováveis estão acima da legalidade.
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Adendo:
Realejo, instrumento musical, portátil, introduzido no Brasil por imigrantes italianos e portugueses, na década de 1880, que toca uma música, ou várias, movimentada por uma manivela, dotado de foles, com teclado, tubos de metal e cilindro no qual foram adaptados registros. Ao acionar a manivela os registros abrem as válvulas de determinados tubos, deixando o ar penetrar e produzir a música.  O operador usava ou um pequeno macaquinho ou periquito como atração. O espetáculo da música era gratuito, mas por outro lado a sua apresentação era um meio de ganhar a vida por alguns trocados, ou seja, o ouvinte entregava uma moeda e o animal (macaquinho ou periquito) pegava um papelote numa caixinha, dobrado e entregava ao adquirente. Nesse papel estava escrito, supostamente, o que o futuro esperava da pessoa.  Era a venda de sonhos e de ilusão para a contentação das crianças. A sorte, assim, vendida só previa boas e maravilhosas notícias e as crianças sonhavam com tais expectativas.
  


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